Data: 31-01-2012
Criterio:
Avaliador: Miguel d'Avila de Moraes
Revisor: Tainan Messina
Analista(s) de Dados: CNCFlora
Analista(s) SIG:
Especialista(s):
Justificativa
A espécie Dyckia brevifolia foi descrita com base em uma prancha. Os registros de ocorrência disponíveis para a espécie são na verdade testemunhos de outras espécies de Dykia. Assim, D. brevifolia foi avaliada como "Deficiente de Dados" (DD).
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Dyckia brevifolia Baker;
Família: Bromeliaceae
Sinônimos:
Espécie descrita em 1871 (Martinelli et al., 2008).
Foram contabilizadas 50 indivíduos para um estudo na margem do Rio Itajaí-Açu, localidade de Subida, Apiúna, Santa Catarina (Rogalski et al., 2007). Em outro estudo, Rogalski et al. (2007) contabilizaram 7.518 indivíduos, sendo 508, 2.308 e 4.702 para Encano, Morro Santa Cruz e Subida, respectivamente, em Santa Catarina. Destes, apenas 150 indivíduos (2%) ocorreram isolados e 7.368 (98%) ocorreram agrupados, em 453 agrupamentos. Enquanto o número de plântulas registrado foi de 16, 24 e 633 para Encano, Morro Santa Cruz e Subida, respectivamente. Além disso, em média 19,4 ± 1,5% dos indivíduos eram reprodutivos. Segundo Rogalski (2007) a espécie apresenta 3,5 rosetas por m², ainda sugere que a espécie apresenta um considerável grau de endogamia, devido à estruturação das populações. Além disso, apresenta um baixo fluxo gênico aparente entre as populações e comenta que, de modo geral, D. brevifolia apresentou menor diversidade genética que outras bromeliáceas, também entre as monocotiledôneas e entre herbáceas de vida longa. A menor diversidade encontrada pode ser atribuída a vários fatores, incluindo o sistema reprodutivo (predomínio da autogamia) e os "gargalos", associados à chegada e ao estabelecimento de colonizadores e a fundação de novas populações (especialmente devido à alta especificidade ambiental), bem como a endogamia e a deriva.
Apresenta distribuição duvidosa para o Estado de Minas Gerais (Versieux; Wendt, 2006). Ocorre nos estados do Paraná e Santa Catarina (Forzza et al., 2011). Rogalski (2007) comenta que D. brevifolia apresenta uma extensão de ocorrência de cerca de 80 km ao longo do Rio Itajaí-Açu, desde Lontras até Blumenau. Porém, apresentando distribuição disjunta. Dessa forma, sua área de ocupação foi de 9.185 m², com cada subpopulação ocupando, em média, uma área de 765,4 m².
Atinge entre 50 e 100 cm de altura em flor (Reitz,1983). Espécie adaptada a variações ambientais extremas, passando ora porperíodos de seca, ora ficando encoberta pela água durante as enchentes (Strehl,1994). Espécie reófita, e heliófita durante a estação seca (Rogalski et al., 2007). Foram formados 70% defrutos através de apomixia e 98% através de polinização livre (Rogalski et al., 2007). O mesmo autor comenta queo número de germinação de sementes foi alto nos diferentes tratamentos, comexcessão dos frutos agamospérmicos. Além da reprodução assexuada agamospérmica,D. brevifolia apresenta reprodução assexuada por emissão de perfilhos(Rogalski et al., 2007). Os autoresainda comentam que apresentar várias estratégias reprodutivas pode serimprescindível para a manutenção da espécie, visto que ocorre em condiçõesextremamente adversas. Rogalski et al. (2007) comenta que D. brevifolia éherbivorada pela Hydrochaeris hydrochaeris (capivara), a qual consomeprincipalmente a parte central de suas rosetas. As rosetas herbivoradas morremou muitas vezes rebrotam, emitindo de um a 20 brotos, sendo o número de clonesemetidos possivelmente subestimados. Rogalski (2007) comenta que o alto sucessoreprodutivo apresentado pela espécie (97% de formação de frutos e 96% desementes viáveis) possivelmente decorre de sua autocompatibilidade, o quepossibilita a ocorrência da autogamia, da geitonogamia e/ou da xenogamia.
1.4.6 Dam
Detalhes
A redução dos micro-hábitats específicos da espécie, principalmente devido à implantação de hidrelétricas, implica em redução praticamente proporcional da espécie. Com a instalação da Hidrelétrica Salto Pilão, possivelmente algumas subpopulações próximas a represa, município de Lontras, serão diretamenteafetadas, devido a formação do lago. Além disso, outras subpopulações poderão ser afetadas, devido a canalização de parte da vazão d'água, o que poderá ocasionar mudanças ambientais (Rogalski, 2007).
1.3.4 Non-woody vegetation collection
Detalhes
Rogalski (2007) comenta que indivíduos da espécie são retirados de suas localidades.
1.7 Fire
Detalhes
Rogalski (2007) associa o uso deste locais por pescadores ao fogo.
6.3 Water pollution
Detalhes
Rogalski (2007) considera a poluição do rio por esgoto doméstico e por efluentes industriais como ameaça à espécie.
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Considerada "Em Perigo" (EN) pela Lista de Espécies Ameaçadas do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995) e do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).
1.1.2 Implementation
Situação: needed
Observações: Devido a distribuição restrita da espécie, aliada a ocupação de micro-hábitat específico, Rogalski (2007) indica que a espécie é muito vulnerável. Desta forma, o mesmo autor comenta que a manutenção de todas as suas populações é de extrema importância para a conservação da mesma, pois grande parte de sua diversidade está distribuída entre as populações, além do que a espécie apresenta alelos raros (baixa freqüência) e exclusivos. A manutenção das populações possibilita o fluxo gênico, reduzindo os riscos de erosão genética, pois o rio funciona como um corredor.
1.2 Legislation
Situação: needed
Observações: Devido a possibilidade de implantação de outras usinas hidrelétricas nestas regiões, Rogalski (2007) recomenda que a espécie seja enquadrada na categoria em Perigo na Lista da IUCN e na Lista do Brasil, de acordo com os critérios da IUCN.
5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Rogalski (2007) considera a proporção de 1 pra 10 (indivíduos reprodutivos/tamanho populacional) ideal para amostragem efetiva. Além disso, a coleta deve ser feita em diferentes grupos distribuídos ao longo das áreas.
- VERSIEUX, L. M.; WENDT, T. Checklist of Bromeliaceae of Minas Gerais, Brazil, With Notes on Taxonomy and Endemism. Selbyana, v. 27, n. 2, p. 107-146, 2006.
- ROGALSKI, J. M.; REIS, A.; REIS, M. S. DE ET AL. Estrutura Demográfica da Bromélia Clonal Dyckia brevifolia Baker, Rio Itajaí-Açu, SC. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p. 264-266, 2007.
- MARTINELLI, G.; VIEIRA, C. M.; LEITMAN, P. ET AL. Bromeliaceae. In: STEHMANN, J. R.; FORZZA, R. C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.186, 2009.
- REITZ, R. Bromeliáceas e a malária - Bromélia endêmica. Flora Ilustrada Catarinense, 1983. 559 p.
- ROGALSKI, J. M.; REIS, A.; REIS, M. S. DE ET AL. Caracterização do Sistema Reprodutivo da Reófita Dyckia brevifolia Baker, Rio Itajaí-Açu, SC. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, n. 1, p. 270-272, 2007.
- JULIANA MARCIA ROGALSKI. Biologia da Conservação da Reófita Dyckia brevifolia Baker (Bromeliaceae), Rio Itajaí-Açu, SC. Tese de Doutorado. Florianópolis, SC: Universidade Federal De Santa Catarina, 2007.
- FORZZA, R. C.; COSTA, A. SIQUEIRA FILHO, J. A. ET AL. Dyckia in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB006046>. Acesso em: 01 de Fevereiro de 2011.
- STREHL, T. Bromélias que Passam Parte do Ano Submersas. Bromelia, v. 1, n. 3, p. 19-21, 1994.
- LEONARDO M. VERSIEUX. Bromeliáceas de Minas Gerais: Catálogo, distribuição geográfica e conservação. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, RJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.
- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.
- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.
- FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da Lista da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção. Belo Horizonte, MG: FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 2005.
CNCFlora. Dyckia brevifolia in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora.
Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Dyckia brevifolia
>. Acesso em .
Última edição por CNCFlora em 31/01/2012 - 19:00:00